A História de Betty Boop

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Quem conhece a história da bonequinha sensual, super-star hollywoodiana, vovó de quase 80 anos ( mas com aparência de 20), um símbolo das transformações do século 20, que volta agora como uma verdadeira mania entre as adolescentes, na Era Digital? Betty Boop reina na internet como nenhum outro personagem. Estampa camisetas etecidos, papéis de parede, papéis de presente, bolsas, agendas, emails, blogues, ORKUTS, carteiras, lápis, estojos, e todo tipo de objetos...









Ela nasceu em 1930, sob a égide do Art Deco. O mundo se transformava rapidamente, sob o deslumbramento da luz elétrica que afinal se democratizava, do automóvel, os adventos da rádio e do cinema, a eclosão do Jazz. Os cabelos e as saias encurtavam, a mulher se modernizava, se libertava.








Betty Boop nasce cinema, ao contrário de outros personagens de animação, que são livro, primeiro, ou são HQs, e só depois ganham as telas. Foi uma criação dos irmãos Max e Daves Fleischer, da Talkartoons Series, imediatamente encampada pela distribuidora Paramount Filmes.





Espelhando-se nas divas da época, Betty Boop estreou em Dizzi Dishes e estrelou mais de cem animações. Em pouco tempo, era uma superstar, uma popstar.








Mas , como nem tudo são flores nesta vida, nem mesmo dos personagens de ficção, também passou por maus momentos.
















Uma onda moralista, pré-macartista, que tomou conta dos Estados Unidos, e culpava o Cinema e Hollywood pela crise da família e dos costumes que se espalhava pelo mundo, logo iniciaria contra ela uma perseguição sem trégua. Seus vestidos curtinhos, que deixavam à mostra as perninhas gostosas, enfeitadas por uma liga, seus profundos decotes e sua postura independente irritou a sociedade conservadora americana. Em vigência a partir de 1934, o novo Código de Produção, ( melhor seria dizer-se Código de Censura Cinematográfica), que estabelecia acirrada vigilância sobre os conteúdos levados à tela, obrigava os Fleischer a vesti-la toda. Decote fechado no pescoço, mangas compridas, vestidos longos. E o fizeram. Mas as roupas, colantes, ainda evidenciavam um corpo bem-modelado, de formas arredondadas e exuberantes. E seu apelo sensual parecia ainda maior.



Num arroubo de rebeldia, de inconformismo e de denúncia, seus criadores também mais acentuam este traço sensual da personagem. Nos filmes, agora, Betty Boop é assediada por diversos homens. São situações pesadas, persecutórias.Os irmãos Fleischer fazem da boneca uma peça de denúncia da falsa moral que - acusam - prevalesce na sociedade americana daqueles anos. Uma moral de fachada, que esconde os mais baixos comportamentos.


Julgada e condenada por afronta à moral, à família e aos bons costumes, depois de uma verdadeira guerra na Justiça, Betty Boop foi proibida de atuar, em 1939.


Sem novas produções, silenciada, estava condenada a desaparecer. Um exílio que durou muitos anos.


Até o final dos anos 60 e toda a década de 70, outro tempo de inquietações, resgates e redescobertas, quando o público a traz de volta pelas próprias mãos. Seu carisma ainda é enorme. Em 1988, faz sua última aparição no cinema, em Uma Cilada para Roger Rabbit. E de lá pra cá, Betty Boop nunca mais nos deixou.













No próximo ano ela completa 80 anos (mas com corpinho de 20). Durante sua longa vida, os padrões de beleza feminina mudaram algumas vezes. As mulheres engordaram e emagreceram algumas vezes, tiveram seios grandes e pequenos, “suficientes para encher a mão de um homem”, no jargão machista. O corpão violão de Betty Boop, a sua estatura baixa saíram de moda, deram lugar às barbbies magras e macérrimas, esguias, retilíneas. As arredondadas, como ela, angustiam-se com a balança. E, no entanto, acima de tudo isso, reina Betty Boop, como um símbolo de beleza, de sensualidade, de feminilidade.