Federico Fellini. Auto-retrato
Fellini era um desenhista compulsivo. Desenhava, cena-a-cena, seus filmes, antes de levá-las ao set de filmagem. Também tinha o hábito de registrar, em desenho e notas, seus sonhos, em cadernos que sobreviveriam ao cineasta, e que hoje estão sob a guarda da Fondazzione Fellini, em Bimini. E que este ano, de 2010, começaram a ser expostos ao público. A exposição, que levou o título de Circo Fellini percorreu cidades da Itália e de outros países europeus.
Alguns destes sonhos serviram de inspiração a personagens, cenas, roteiros.
“Primeiramente me vinha a idéia de desenhar, depois escrevia a história relacionada a essa ilustração.” -Federico Fellini
Rituais e vazios
“Por que desenho os personagens de meus filmes? Por que faço notas gráficas dos rostos, narizes, dos queixos, das gravatas, das sacolas, das roupas e do modo de cruzar as pernas das pessoas que me procuram no escritório? Talvez tudo isto seja um modo de olhar um filme cara a cara, tentar descobrir que tipo de filme é esse que tenho ainda indefinido na cabeça. É uma tentativa de fixar uma qualquer coisa. Não sei.
A verdade é que não consigo teorizar os meus vários tiques. Eles formam um ritual que me acompanha em meu trabalho. Rituais são importante: todos os rituais da existência, o batismo, o casamento, o funeral, a primeira comunhão, o Natal, os diplomas, os aniversários. Quase todos perderam o seu simbolismo. Eles se desgastaram porque foram vividos distraidamente, sem respeito, com pouco tempo e com pouca emoção.
O rito e a cerimônia são uma representação, logo uma meditação, um meio menos perigoso de entrar em contato com a realidade, uma espécie de proteção, uma armadura. Nada mais estúpido e triste que um ritual vazio. Muitos de meus filmes são sobre o grotesco e o agressivo de um ritual vazio, mas todos eles são precedidos por um longo ritual de preparação" - Federico Fellini .
Muitos sonhos
última imagem - Sonho do dia 1 de Abril, 1975. Livre des Rêves
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