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26 de jul. de 2010

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Capa: Inverno em Lumiar. Janela

A foto de abertura dessa edição, usada como aquilo que desavergonhadamente inventamos e decidimos chamar de “capa da edição"... Bom, aquela mesmo, lá de cima. Foi feita na última semana. O inverno aqui, que foi mais rigoroso esse ano que de costume e agora começa a se retirar, fez seu espetáculo de árvores desfolhadas, neblina – fog ( Bonita a palavra fog, não é? Econômica, eficiente, onomatopaica). E pessoas encasacadas caminhando encolhidas, seguidas por cachorros, ou seus ou os de rua, mas há sempre um cachorro nessas cenas, implorando, eu acho, um abrigo do frio, com cara de quem-não-quer-nada.
E Lumiar não foge à regra. O inverno é bonito, e fotogênico. E essas janelas hibernais embaçadas , imagem sensorial do contraste entre o friozinho incômodo lá de fora e o quentinho de quem está dentro, acolhido, me encantam. Walt Disney já explorou muito isso Isso. Essas janelas me lembram Disney. Interajo com elas, fotografando, escrevendo nomes e palavras.

Falamos, na última edição, do assassinato de mulheres por homens. E fui tentar encontrar dados, pesquisas . Queria números, percentuais. Pensava eu que a última pesquisa, de 2007, apontava dez mortes por dia, de mulheres assassinadas por homens no país, mas eu queria saber quantas aleijadas, em cadeira de rodas, quantas cegas, quantas esterilizadas pela violência do homem, quantas definitivamente anuladas. Nenhum dado. Nenhuma pesquisa concluída ou encaminhada. Os números não dizem muito. “Só no Tribunal de Belo Horizonte tramitam 126.000 processos de agressão de homens contra mulheres”. Sim, e quantas não abrem processo? Quantas nem dão queixa na delegacia?

Também vi na TV essa semana uma delegada, da Delegacia de Mulheres, dizer que “ elas, em maioria absoluta, voltam para o mesmo homem”. Por que? - pergunto eu. Por que?

Nas Delegacias de Mulheres, que originalmente se anunciavam como um grande avanço social, delegadas e policiais mulheres reproduzem a violência, a indiferença, a indolência, a falta de saco para informar das delegacias comuns, de maioria de homens. Imitam os “patrões ", a "classe mais favorecida", a classe dominante. Comportam-se como se pensassem: Vai, volta logo pros braços de seu agressor, se é isso mesmo que irá fazer afinal.

E assim que nada sabemos sobre essa devastadora epidemia. A agressão de mulheres, a morte delas....
Uma epidemia que se arrasta e se alastra há décadas. Nos anos 80, num dos piques dessa peste emocional, como chamou Wilhelm Reich, mulheres saíam às ruas em protesto. Cobrava-se providências da Coisa Pública. Lembro que entrevistei na TV Manchete uma das líderes deste movimento. Educadora, mãe de um menino adolescente, ela dizia: "Alguma coisa precisa ser feita. Nós não queremos ter filhas assassinadas, nem filhos assassinos". Eram os anos 80.






4 comentários:

  1. Muito Bom, Adorei as fotos , bem o clima de paz e suspense do assunto! Conheço bem esse drama ..
    Mas com sutileza e coragem consegui sair fora !!!
    Hoje estou feliz em um novo relacionamento. Um grande Abraço.

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  2. Acho a foto de capa linda. Mas tão triste!

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  3. Tá sofrendo de amor, garota?

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  4. Ái, me leva pra essa janela, pra esse inverno, pra essa casinha. E aí, me fala estas tuas coisas inteligentes e femininas. Vou ser completamente feliz, juro.

    G.

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