Musa sem preconceitos
Nara Leão, nascida em Vitória, do Espírito Santo , no ano de 1942 e morta precocemente em junho de 1998, vítima de câncer encefálico. Moça tímida, cantora de voz pequena, se tornaria o símbolo da transformação sofrida pela música brasileira com a chegada Bossa Nova. Nara foi a cara da Bossa Nova.
Mas sua carreira eclodiu de verdade em 1964, no espetáculo Opinião, no Teatro de Arena do Rio de Janeiro ( depois Teatro Opinião), em Copacabana - memorável espetáculo de protesto contra a Ditadura Militar, que arrastou ao teatro e comoveu multidões, cantando a realidade dos pobres, das favelas, dos homens do campo.
Nara Leão, Zé Ketti e João do Vale, no Opinião
Ali, o samba de Zé Ketti , Opinião, na voz de Nara, se tornaria uma espécie de hino do Protesto brasileiro. Diz ele: Podem me prender, podem me bater/Podem até deixar-me sem comer/Que eu não mudo de opinião.
Se a Bossa Nova, em seus primeiros momentos, foi criticada como um projeto de meninos burgueses, de classe média, pouco comprometidos com a vida política do país, Nara, ao destacar-se no samba de morro e na canção de protesto, confundia público e crítica, ao mesmo tempo em que propunha uma integração das diferentes tendências da Música Popular Brasileira.
Por outro lado, quando o samba e o rock'roll brasileiro conflitavam - o rock acusado de sucesso fácil e colonialismo cultural, Nara gravou o disco E que tudo mais vá pro inferno, com repertório de Roberto Carlos. Foi a primeira cantora de samba a gravar rock no Brasil.
Nos anos 60, sua doçura, seu jeito manso, de riso franco, mulher- menina,”menina zona sul”, se tornou um modelo , a ser imitado pelas mulheres brasileiras. Era o tempo de Courrèges, da mini-saia, de Twiggy - das modelos magrelas, mas no Brasil as pernas grossas de Nara, os joelhos redondos de Nara, o ar descontraído, desprotegido, a coragem de pensar de Nara faziam a Moda.
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