Amores selvagens

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Elsa, Christian e outros leões muito amados

Introdução

Essa é uma história longa, E deliciosa. Para você curtir, demorando-se nas fotos, vendo cada vídeo. Se estiver difícil agora, se estiver lutando contra o tempo, salve em favoritos, volte à noite, quando estiver puxando sono, guarde para domingo. Faz de conta que está numa sessão de cinema.

Capítulo 1

Androcles


Século 1 , Roma. Escravo fugidio, Androcles, esbarra com um leão ferido ( com um grande espinho na pata). Em vez de fugir, Androcles, retira o espinho e cuida da ferida do animal, do qual se perde em seguida, quando, recapturado, retorna à escravidão. Anos mais tarde, nova tentativa de fuga para a África e Androcles é condenado à arena de leões. Qual não é então a surpresa de todos quando o leão, em vez de devorá-lo, o festeja, lambendo-lhe o rosto como um cãozinho. É, claro, aquele mesmo leão ferido, que o reconhece, grato. Lenda ou História? Fábula ou fato?

Capítulo 2

Elsa the Lioness

Acima, Elsa

1956 -Durante um safári na África, George Adamson vê-se obrigado a matar uma leoa que deixa órfãos três leõezinhos, e que George leva, então, para casa. Eles têm apenas dez dias de vida. Dois dos pequeninos leões são doados aos zoológicos de Rotterdam e Netherland, ficando o último, uma fêmea, com os Adamson, com os quais se cria como um membro da família. É Elsa.

Elsa e sua família humana. Uma infância feliz.

E quando Elsa cresce, o casal George e Joy Adamson, decide levá-la de volta à vida selvagem, fazendo eles mesmos sua readaptação no National Park in Kenya, na África.

A relação afetiva entre Elsa e a família Adamson, os processos intuitivos utilizados pelo casal para sua reintrodução na vida selvagem e o sucesso desta empreitada encantam o mundo.

Elsa e família são temas de livro e documentário: Born Free. E de bem-sucedido filme de “ficção” : A História de Elsa ( de 1966), vencedor de dois Oscars. Cachê cobrado pela família Adamson para sua participação nas obras: o direito de dar liberdade a mais três leões confinados e à venda.

Capa do livro e cartaz do documentário. Elsa e Little Elsa.

Cartaz do filme A História de Elsa, de James Hill, 1966

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Veja, nas duas próximas fotos , como foi feita a reintrodução de Elsa na selva, na vida real

Elsa e Joy Adamson na selva africana, em processo de readaptação do animal à vida selvagem


George Adamson dorme na selva, com Elsa. Parte do método

A morte de Elsa

Elsa viveu livre o resto de seus dias. Não foram muitos. Morreu em 1961, num acidente, com 5 anos de idade. Mas, integrada à vida com outros leões, casou e teve pelo menos três filhos, dois machos e uma fêmea ( Little Elsa).

Túmulo de Elsa, no Quênia

Em Meru, no National Park in Kenya, o túmulo de Elsa hoje recebe turistas e admiradores, que lhe fazem tributo. É um símbolo de liberdade.

O casal de atores, Virginia MacKenna e Bill Travers, que vive George e Joy no filme A História de Elsa, quando trabalha com seis leões, apaixona-se pela espécie. Os atores, a partir daquele, farão outros filmes, documentários, sobre leões, e terão um papel decisivo no decorrer desta história.

Virginia e Bill, os dois principais atores de A História de Elsa


Capítulo 3:

Na internet, a mulher e o leão

2008 – Sucesso na internet. Vídeo de mulher que visita na jaula seu amigo leão. O vídeo do Youtube, impactante, chega a ser exibido no Jornal Nacional, da Rede Globo.

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Capítulo 4:

Christian the Lion

Christian, na idade adulta, em Kora

2009 – Outro vídeo explode na internet, com o título Christian, the Lion, com 40 milhões de acessos. Dois jovens australianos, Anthony Bourke e John Rendall, que criaram um leão dos dois meses a um ano de idade, quando este foi reintroduzido na vida selvagem, visitam o animal em seu habitat, depois de dois anos. Mas é possível que Christian se recorde dos dois? O reencontro é documentado.

Sob a comoção causada por este primeiro vídeo, outros momentos de Christian e seus amigos australianos surgem também na internet.

Neste, Christian exercita-se com o "dono", ainda criança ou adolescente, e ainda um leão urbano.




O livro: Um leão chamado Christian - Anthony Bourke e John Rendall ( Editora Nova Fronteira, 2009)

Lançado no Brasil, o livro, escrito pelos australianos, conta a história de Christian, desde que foi comprado na Harrods, em 1969, com dois meses de idade, até a idade adulta. De narrativa bem gostosa, o livro é também uma crônica interessante da Londres do final dos anos 60.

A Harrods era uma célebre loja de departamento que vendia até camelo. Os dois compradores, jovens recém-formados que saíram pelo mundo em busca de experiências, levam-no para uma loja de móveis, a Sophistcat, na badalada King's Road, no World's End, Chelsea, onde os dois trabalham, e em cima da qual moram, num apartamento. Dão-lhe o nome de Christian em deliberada alusão aos cristãos mortos por leões na arena romana.

O baby leão foi aceito. Era um fofo, atraía clientes, reportagens e visitas de famosos. Ainda ficava, por vontade própria, na vitrine, olhando as coisas. Exercitava-se toda manhã, num grande parque.

Álbum da infância de Christian, em Londres

Passeio em Londres, com os amigos/donos

Passeio de carro. Contracapa do livro

Exercícios matinais com a bola







Mas o tempo passa depressa para um leão ( que tem como média de vida 18 anos) e logo, logo, o baby botou juba, rugiu pela primeira vez, estava enorme e pesado. Agora assustava clientes da loja em vez de atraí-los. O pastor, que emprestava o campo de exercícios, também dá seu ultimato. É hora de para. Passam crianças ali perto. Hora de Christian ter um novo destino. Mas os australianos horrorizam-se com o confinamento dos zoológicos. A situação é tensa. E então, o destino age por conta própria.

Para comprar uma mesa de pinho, aparecem na loja justamente Virginia e Bill, os atores de A História de Elsa, aqueles mesmos, apaixonados por leões. E , conhecendo Christian, propõem a George Adamson, o “pai” de Elsa, que também o reintegre à selva. Adamson acredita no sucesso da ação, mesmo sendo Christian de uma quinta geração de leões confinados. Diz que seria preciso muito mais que isso para que um leão perdesse seus instintos. E, numa história maravilhosa de aventura, Christian, em 1970, volta à selva, em Kora, para onde também se transfere o casal Adamson, onde permanecerão até o final de suas vidas, em luta sem trégua contra os caçadores.

Christian, George Adamson e Boy ( o leão da frente), que viveu Elza no cinema ( A História de Elsa)

Christian foi feliz na nova vida. Mas sem nunca esquecer seus primeiros amigos.

Joy Adamson morreu em 1980, assassinada por antigo empregado, em Kora. Escreveu três livros: Born Free; Living Free e Forever Free. George Adamson morreu em 1989, aos 83 de idade, assassinado por um somali, na mesma cidade. Eles reintroduziram na selva vários leões. Quando lhes perguntavam como o conseguiam, os Adamson respondiam: Com amor. Muito amor. E respeito. O mundo deve a eles muito do que sabe sobre a vida, a natureza e o comportamento dos felinos.

E agora, Androcles, lenda ou relato histórico?