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HISTÓRIAS DE NASRUDIN
Semana passada dei início a esta nova série do blogue: HISTÓRIAS DE NASRUDIN ( Veja Apresentação na página anterior ou no marcador OUTRAS HISTÓRIAS )
Hoje lhes apresentarei alguns personagens e cenários habituais, nos quais transcorrem estas histórias.
Nasrudin vive numa vila, e seus principais cenários são a casa, a vila, o mercado, o palácio de Tamerlão, o mercado, a mesquita, a casa de chá.
Protagonista absoluto das aventuras, interage geralmente com os seguintes personagens:
- o burro - que lhe serve de transporte, assim como da produção que Nasrudin vende no mercado. Frutas, legumes, raízes, etc. Seu mais assíduo coadjuvante.
- a Mulher de Nasrudin – uma espécie de versão feminina do próprio Mulá.
- vizinhos, adultos e crianças
- Tamerlão, o Imperador – o poder temporal com o qual Nasrudin antagoniza.
Nasrudin monta seu burro ao contrário – de frente para o rabo, e não para cabeça do animal ( Veja ilustração).
A lógica é simples. Diz ele: “Vou na frente e meus discípulos atrás. Se montasse o burro de forma convencional iria de costas para ele, o que seria uma descortesia. Se os deixasse ir na frente, eles é que iriam de costas para mim; outra descortesia. Assim, ficamos todos satisfeitos”.
São muitas as histórias de Nasrudin com seu burro e nelas centro as desta semana.
GRAÇAS A DEUS
O burro de Nasrudin se perdeu e ele o procurava desesperado.
Com pena do Mulá, os vizinhos decidiram ajudá-lo na busca. “ Pobre Nasrudin – diziam – como poderá trabalhar sem seu burro?"
Dividiram-se, cada um para um lado, e, no final da tarde, encontraram-se na praça em frente à mesquita, sem, no entanto, que tivessem encontrado o animal.
O último a chegar foi Nasrudin. Vinha repetindo: Graças a Deus. Graças a Deus. Graças a Deus.
- Então, Nasrudin, felizmente encontrou o burro!!!?
- Não. Procurei por todo canto, mas parece que o perdi de vez.
- Então por que vem dizendo ” Graças a Deus”, se não o encontrou?
E Nasrudin:
- Dou graças por não estar montado no burro, quando se perdeu. Já pensou ? A esta altura, estaria perdido também!...
MINHA PALAVRA
Um vizinho foi pedir ao Mulá o burro emprestado por algumas horas.
Nasrudin não queria emprestar e mentiu:
- Ah, lamentavelmente o burro não está aqui. Meu cunhado precisou fazer um negócio de urgência e o levou hoje de manhã.
- Engraçado – disse o vizinho – acabei de ouvir o burro relinchando no seu quintal.
- Bom, se você prefere acreditar na palavra de um burro que na minha, então não merece que eu te empreste é nada.
VIU SÓ?
Nasrudin e a mulher discutiam sobre quem teria a obrigação de alimentar e cuidar do burro. Nasrudin dizia que a obrigação era dela, ela que era de Nasrudin, e não chegavam a conclusão alguma.
Então, combinaram: Quem de nós falar primeiro terá que cuidar do burro.
Ficaram os dois em silêncio horas e horas, ao final das quais a Mulher de Nasrudin saiu para o mercado.
Nasrudin permaneceu em casa, sentado na cama, emburrado, disposto a não dizer uma única palavra.
Vendo a casa silenciosa, dois ladrões entraram, pensando que não havia ninguém, e se depararam com Nasrudin, sentado na cama. Mas, como ele nada dissesse ou fizesse, assaltaram a casa assim mesmo. Levaram tudo que podiam.
Voltando do mercado e encontrando a casa toda revirada, a Mulher de Nasrudin perguntou:
- Nasrudin! O que foi que aconteceu aqui?
E ele:
- A-há! Falou primeiro. Vai ter que cuidar do burro.
-Está bem, eu cuido. Mas me diga, o que foi isso que aconteceu aqui?
E ele:
- Isso? Isso é para você ver no que deu a sua teimosia.
Alice Cooper
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