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8 de dez. de 2008

Albert Camus- o mar, a morte e o amor

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Continuo lendo o diário de viagem de Albert Camus. É um livrinho pequeno, mas tão delicioso, que me demoro lendo, como que saboreando.

Interessante, esta edição Notas do editor, eles vão identificando as influências desta viagem na sua obro. Na viagem a São Paulo, por exemplo, o filósofo é levado por Oswald de Andrade a Iguape, aventura que descreve como tediosa, demorada, poeirenta. Tudo deu errado. O carro quebrou, foram hospedados num hospital, sem água, numa enfermaria coletiva, Camus não pode dormir com o ronco de seus companheiros. Só o dia de Bom Jesus, com procissão, peregrinos, tradições, o interessou. Mas em Iguape ambientará o conto A Pedra que Cresce.

Tinha, nesta viagem, 37 anos. Em 1960, com 48, Camus morreu, quando o carro em que vinha, dirigido por um amigo, colidiu com uma árvore. Morreu na hora. O relógio do carro parou no impacto, e por isso se sabe a hora exata em que morreu.

Li uma vez que mais quatro pessoas morreram no mesmo local, da mesma forma – com seus carros em colisão com a mesma árvore – na mesma hora da morte de Camus. Não sei se é verdade. A fonte, nem sei mais qual foi, só lembro que não era das mais confiáveis. Mas depois encontrei outras referências, em outras fontes, a este mesmo fato. Com interpretações esotéricas.

Vi na Wikipédia que sua velha mãe, ao receber a notícia da morte do filho, disse apenas: “Tão cedo”.

Olhando sempre o mar, durante a viagem de navio, de Marselha ao Rio de Janeiro, Camus imaginava dias futuros: “Quando eu tiver 74 anos...” Estranho ler isso agora, postumamente, e pensar que não chegou aos 50.

Sua paixão pelo mar se revela a cada hora: “As águas estão pouco iluminadas na superfície, mas sente-se a sua escuridão profunda. O mar é assim, e é por isso que eu o amo. Chamamento à vida e convite à morte” .Ele anota suas emoções diante do mar e descreve o comportamento das ondas a cada novo instante. Usará muito desta experiência em Pléiade – La Mer au plus près, onde repete frases e períodos inteiros do Diário.

Li Camus quando era moda lê-lo, em tenra juventude, quando era ansiosa demais, imatura demais para entender o que quer que fosse com alguma profundidade. E não me lembrava, ou não tinha me dado conta, da importância que assume no seu pensamento o amor. Não entende a vida, a literatura, a política nada, sem o amor. Sabe de uma coisa? Estou simpatizando muito com ele. Acho que vou procurar nos sebos outros livros seus.


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