A montagem da ópera Nabucco, de Verdi, no último mes de junho, ao ar livre, e em pleno deserto de Neguev (Masada, Israel) , foi o maior acontecimento noa gênero em muitos anos. Pela grandiosidade, a beleza e a altíssima qualidade artística, tendo à frente a Orquestra de Masada.
Veja a a aventura que foi a montagem do espetáculo
A ópera
A história de Nabucco é muito interessante. Estreiou em 1842, e, apesar da estranheza com que foi vista pela crítica ( devido ao uso genérico da expressão musical diatônica em vez da cromática), foi enorme sucesso de público e bateu todos os recordes do Scala de Milano. Programada para 6 apresentações, teve 67. E, muito mais que um espetáculo de sucesso, Nabucco tornou-se, desde então, uma verdadeira paixão italiana.
O nome original da ópera, Nabuccodonosor, como seu principal personagem. Nabucco foi o apelido afetivo que lhe deu o público. Então, ficou Nabucco.
A ação desenrola-se durante o reinado de Nabucodonosor II, Rei da Babilonia, iniciado no ano 605 antes de Cristo. Cerca de 20 anos depois de ter sido coroado, Nabucodonosor partiu à conquista das terras de Judá, destruindo o Templo de Salomão e fazendo numerosos prisioneiros que levou consigo para a Babilonia como escravos. A primeira parte da ópera relata a invasão de Jerusalém, onde a ação se desenrola, e a destruição do Templo. ]
Paralelamente, durante sua estadia na Babilonia, onde fora embaixador, Ismael, filho do Rei dos Hebreus, apaixonara-se por Fenena, filha de Nabucodonosor. Fenena tem uma irmã, Abigaïl, que também ama Ismael sem ser correspondida... e a partir daí uma longa história é narrada no decorrer de seus 4 atos.
Giuseppe Verdi, acima
Va Pensiero
Se a paixão do povo italiano pela ópera de Verdi foi imediata, foi também definitiva. Logo todos conheciam, nas ruas e nas casas, algumas de suas áreas. A preferida, entretanto, e ainda agora, hoje, a mais executada, foi o Va Pensiero. A ária do Coro dos Escravos Hebreus, no terceiro ato da ópera (Va pensiero, sull'ali dorate - "Vai, pensamento, sobre asas douradas"). Quando, cinquenta anos após a estréia da obra, Verdi morreu, seu enterro foi acompanhado por uma multidão cantando o Va Pensiero. A ária acabou ainda por tornar-se a música-símbolo do nacionalismo italiano da época e da luta pela unificação do país.
Neste vídeo, o Va Pensiero, na montagem no deserto de Neguev
Conheça a letra original
Va’, pensiero, sull’ali dorate.
Va’, ti posa sui clivi, sui coll,
ove olezzano tepide e molli
l’aure dolci del suolo natal!
Del Giordano le rive saluta,
di Sionne le torri atterrate.
O mia Patria, sì bella e perduta!
O membranza sì cara e fatal!
Arpa d’or dei fatidici vati,
perché muta dal salice pendi?
Le memorie del petto riaccendi,
ci favella del tempo che fu!
O simile di Solima ai fati,
traggi un suono di crudo lamento;
o t’ispiri il Signore un concento
che ne infonda al patire virtù
che ne infonda al patire virtù
al patire virtù!
Em português
Vai, pensamento, sobre as asas douradasVai, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do Jordão
E as torres abatidas do Sião.
Oh, minha Pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de Jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o Senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.
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