.post img{border: 1px solid #000000;padding: 1px;} .post a:hover img{border: 1px solid #6699FF;}

23 de mar. de 2011

PRIMEIRA PÁGINA

.

Capa desta edição: Tragédia no Japão. Ameaça nuclear. Luto


Japão, Japão

Povo valente , esse, do Japão. Uma gente exemplar. Nenhum saque, nenhuma disputa selvagem por comida, água, combustível, privilégios pessoais... O respeito ao outro acima da dor e do desespero. A ordem social é a esperança de reconstrução no Japão. A esperança de quem já se reconstruiu tantas vezes.

Acompanhamos, como bem diziam por aqui nossos avós, com o coração na mão, a tragédia, o luto, a dor do Japão, vítima de tantos e tão grandes desastres naturais. E, como se não bastasse, a ameaça nuclear. Coração na mão – é quando não cabe mais dentro do peito, tão grande se torna ele de aflição. Os que crêem em Deus estão orando. Os que não tem essa sorte, inventam outras formas de consolo e de expressão. Mas todos nos juntamos na mesma dor, que é nossa.

As imagens - tantas! - nos carregam para lá. Chegam novas, a cada segundo. E doemos , nos quatro cantos do mundo. Sofremos. Choramos.

Ouvi uma vez a frase inesquecível, de uma mulher, uma religiosa da Igreja: “Deus perdoa sempre. Os homens, às vezes. A natureza, nunca.”

Será isso? Teremos nós culpa? Fomos nós que desequilibramos o planeta, e a tal ponto, com nossa inconsequência? Pagamos o preço agora? Ou é a Terra mesmo, em seus movimentos naturais, que de tempos em tempos se move, se transforma, apesar dos homens? Não temos respostas.

Uma coisa é certa. Se não podemos controlar os terremotos, os maremotos, as tsunamis – nem prevê-los com precisão , nem evitar que um dia se dê alguma falha humana– temos agora o dever de repensar a energia nuclear.

Cito outra frase. Esta, de um amigo que gosta de brincar com as aparentes contradições: “ Toda vez que estou paranóico tenho razão". Contradição porque a paranóia seria por definição um medo infundado, doentio, sem sentido, sem razão. Se há uma razão evidente para o medo não é mais paranóia.

Há anos, quando ainda se discutia a energia nuclear, as primeiras usinas começavam a ser construídas, os ambientalistas que a estas se opunham foram chamados paranóicos, profetas do Apocalipse. “A segurança é absoluta” – responderam eles, os caras. Absoluta? Eis aí. E depois de Chernobyl, eles disseram:" Chernobyl nunca mais". Eis aí. A 'paranóia' tinha razão. Não há segurança absoluta. Toda segurança é relativa.

"É irreversível. Não podemos mais abrir mão da energia nuclear" - dizem agora, eles, os caras. Enquanto dão prosseguimento à construção de novas usinas já projetadas. E virão outras e outras e outras, na medida de uma demanda progressiva do mundo. A que preço? E até onde? Até quando?

A energia nuclear salva vidas. E mata. Cura pacientes de câncer. E mata em massa da mesma doença. Altera a genética, esteriliza mulheres, compromete alimentos, penetra e contamina verticalmente a Terra até o seu núcleo, e não perece pelos séculos afora. O que fazer com ela? Como lidar com esta Besta Apocalíptica? Como nos livrar de sua ameaça?

Sem respostas, o que podemos esperar e exigir agora é clareza nas informações. Uma clareza que não houve no Caso Chernobyl, ainda hoje um amontoado de contradições, um capítulo obscuro da História.

Leia sobre Chernobyl em toda esta edição


Ruínas de Chernobyl, hoje. (Imagem documental, preservada, da grande explosão de 1986)



GRAFITE EM CHERNOBYL

Cidade fantasma, zona de exclusão, onde mesmo os visitantes não têm permissão de permanecer mais de 15 minutos entre os escombros, expostos a uma radiação que ainda contaminará toda vida à sua volta por mais,.. de 150 anos ( cálculos oficiais) , de 900 anos ( cálculos científicos das instituições de apoio às vítimas ).

"Um estudo encomendado pelo Greenpeace, realizado em 2006 para coincidir com o 20º. Aniversário de Chernobyl, estima que o número de mortes em longo prazo no mundo provocadas pelo acidente de Chernobyl pode chegar a 100.00 pessoas. A catástrofe de Chernobyl ocorreu há 25 anos, mas continua a fazer vítimas." -
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/vtimas-de-chernobyl/blog/33819

Chernobyl. Quem poderia imaginar que ali, entre as ruínas , e apesar delas, artistas desenvolveriam uma arte de resistência? Uma pintura mural.


Personagens fantasmas habitam a cidade fantasma

Murais não deixam esquecer que em torno da usina já houve vida um dia. Só na cidade fantasma de Prypiat, província da Ucrânia que abrigou Chernobyl, viviam 55.000 pessoas à época do desastre.










Outras, contam histórias do fim



Quando tudo morreu, em 26 de abril de 1986, às 1,30 hs.










Nenhum comentário:

Postar um comentário