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18 de ago. de 2010

RENAN, EINSTEIN E DEUS

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É...

É preciso ter cuidado com a Fé. As religiões podem ser boas enquanto abrirem o espírito e o pensamento, enquanto nos fizerem mais generosos e éticos e amorosos e gentis, e mais felizes e livres.

Serão, no entanto, de todo más se obliteram o raciocínio, se obscurecem o espírito, se fortalecerem o preconceito e a intolerância. Vejo sairem de boquinhas amargas, de espíritos turvados, olhos rútilos de ressentimento, palavras em defesa de Deus. Dão-me sempre a impressão de que crêem, de forma absoluta, que Deus depende de sua defesa para existir ou não. Deus não seria nada sem eles. E sentem-se “os eleitos” apenas por participarem deste ou daquele grupo religioso. São donos de Deus. Tenho medo deles.

Tenho medo dos que gritam Hosanas, dos que gritam seu amor por Deus. Dos que fazem da Fé seu espetáculo particular. Dos que citam os Livros Sagrados sem se dar conta do quanto vêm sendo manipulados no tempo, adulterados, ao sabor da política e dos interesses do Poder temporal e religioso.

Se Deus lê nossos pensamentos, para que gritá-los, então? Prefiro Teresa D’Ávila, para quem nossas conversas com Deus são de nossa mais profunda intimidade, devem ser feitas em silêncio e nunca reveladas.

Deus não pode ser questionado, nem a crença na Sua existência. E pergunto: Por que não? Quem lhes diz, quem lhes garante, que Ele não gosta de ser questionado?



Ernest Renan ( datas) - filósofo e historiador, influenciou o pensamento do final do século 19, início do 20, autor do clássico Vida de Jesus

Um outro Jesus



Quando Ernest Renan escreveu, no final do século 19, Vida de Jesus, foi execrado pela Igreja. Porque o livro, um clássico hoje, é uma investigação, na literatura ( a crônica da época), os comportamentos, os vestígios arqueológicos, do tempo em que viveu Jesus, para vê-lo do ponto de vista do Jesus-Homem, primeira investida dessa natureza na literatura. Até então só existia o Jesus-Deus.

E Ernest Renan nos apresenta um cristianismo que atraía multidões por sua alegria ( cantava-se e dançava-se, então, nas reuniões e rituais cristãos), por sua doçura, e por não julgar ou condenar ninguém a partir de seus pecados. Uma proposta de liberdade. E de oposição política ao Poder opressor, responsável pelo enriquecimento de poucos à custa da miséria da maioria. E em nome de Deus (as coisas não mudaram muito nos últimos 2000 anos, nesse aspecto).

Jesus aparece ali, em Rensn, não destituído de vaidade, mas de longos cabelos perfumados em óleos vegetais e vestindo mantos tecidos e presenteados por hábeis artesãs que o seguiam e amavam. Lembram-se do manto inconsútil? A palavra “inconsútil” significa sem costura . Há uma cena famosa, uma tela, parte dos Passos da Paixão, em que soldados romanos atracam-se na disputa do manto inconsútil do Cristo. E por que o faziam? Desde criança me pergunto isso: Por que o faziam?

E Renan conclui, na sua investigação, que disputavam uma finíssima peça artesanal que Arimatéia, homem rico e fiel ao cristianismo, uma das mais belas figuras bíblicas e o mesmo que possuía um sepulcro para onde foi Jesus levado depois da Crucificação, o mesmo que o envolveu no puro linho do Sudário, lhe trouxera do Oriente.


Aí, deu tudo de mudar


Jesus era um letrado, ainda que de origem humilde. Um homem que se preparara intelectualmente para o cumprimento de sua Missão. Frequentara os grandes sábios e mestres, as grandes tradições filosóficas. Sabia dos essênios e dos sufis e conhecia a fundo o Judaísmo. Era um perfeito judeu, na contramão das forças autoritárias temporais e religiosas, corruptas, de sua época.

Não durou muito esse cristianismo-liberdade. Já em Paulo surgiam o Pecado Original, a mulher como criação demoníaca e por aí vai. O pecado ampliou seus tentáculos: Palavras, ações ou pensamentos. O que era revolução transformou-se em conformismo.

Cristã, aprendi mais com Renan que no enfadonho catecismo o Cristo que ensinei a minhas crianças. Um Deus alegre, bonito, gostoso, companheiro, não a figura rancorosa, ego-centrada e egoísta, incapaz de resistir a qualquer crítica, a qualquer questionamento sem logo pensar em vingança. E um Deus de luta, combativo, destemido, comprometido com os homens.


O Deus de Einstein

Einstein, aos seis anos de idade ( 1885). E não é que ele manteve sempre a mesma carinha por toda a vida?

Esses dias encontrei na internet um vídeo, comercial produzido na Macedônia, postado no Youtube sob o título “Deus Existe”. É bem feito e curioso, contrapondo duas posições científicas – de um lado a ciência que nega Deus, de outro a que O confirma. Esta última, aqui representada por Einstein menino que dá uma verdadeira ‘surra’ de argumentos no seu opositor adulto. É bacana. Mas a surpresa fica por conta dos Comentários , no próprio Youtube. Os obliterados da Fé, incapacitados para um mínimo de raciocínio lógico que lhes permita perceber a mensagem, reagem irascíveis, iracundos, sem nem saber contra o quê.

Veja o vídeo







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