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14 de ago. de 2010

A FASCINANTE HISTÓRIA DE ANNA O

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O caso histórico

Bertha Pappenheim - Ela, Anna O

Acho que a palavra é mesmo essa , fascinante , para descrever a história de Anna O’, não sem razão a protagonista absoluta da literatura freudiana.
Freud pesquisava a histeria – um conjunto de sintomas apresentados por mulheres, um conjunto complexo e sem causa definida. Mas não só ele.
A histeria tem origem remota e foi o médico grego Hipócrates ( Cós, 460 -Tessália,377 a.C.) que utilizou o termo pela primeira vez, derivado de histerikos - um quadro clínico característico de mulheres, causado, segundo ele, por perturbações no útero ( hystera, no grego). Mas na segunda metade do século 19 o número de mulheres com esta neurose ( a histeria está no grupo das neuroses) era imenso, atingia um número muito alto de mulheres, obrigando a Medicina a dar ao mal uma especial atenção. E outros médicos trabalhavam sobre o mesmo tema.

E, num encontro com o fisiologista Dr. Josef Breuer ( Viena,1842-1025), este falou a Freud de sua cliente Anna O. Jovem, de 21 anos, extremamente bonita e de inteligência brilhante, Anna O apresentava um quadro histérico com os seguintes sintomas : - em certos períodos, não andava, os músculos paralisavam, precisava de cadeira de rodas; outros, não podia engolir alimentos ou líquidos; outros ainda, não conseguia falar senão numa mistura de vários idiomas, chegando mesmo a emuceder completamente por algumas semanas. Breuer a submetera à hipnose e, através dela, pode deduzir que estava na relação com o pai a origem dos sintomas. Anna O tinha cuidado longamente e em parte da infância do pai terminal. E seus sintomas histéricos surgiram após a morte deste pai. As coisas pareciam melhorar, depois disto, com Anna O e Breuer então constatou a eficiência da hipnose no afloramento do inconsciente, revelando causas ocultas de neuroses.

Breuer e a Transferência

Acima, Dr Josef Breuer

Foi Breuer também quem começou a desenvolver a chamada “terapia da palavra”, as tais conversas psicanalíticas que vieram dar no divã, etc. Observou que aquilo que é verbalizado é mais facilmente dominado. Ele foi fundamental nessa fase de trabalho de Freud que com ele, Breuer, assinou seus primeiros livros.


Mas voltando a Anna O. Breuer estava obsessivo com o Caso Anna O, e mais longe do que imaginava de desvendá-lo. Ao contrário, envolveu-se a ponto de deixar-se seduzir sexualmente por Anna. Vivem uma história de sexo e amor. Mas Breuer tem mulher, e uma mulher já enciumada de Anna O que, de sua parte, faz questão de espalhar aos quatro ventos que o Dr. Breuer está por ela apaixonado. Breuer decide abandonar Anna O e o tratamento e partir com a mulher para Viena. E seu último atendimento a Anna, na residência dela, dá-se porque, dizendo-se grávida de um filho dele, Breuer, Anna começa a sentir e a viver as dores e contrações do parto, em crise de histeria.
Como se não bastasse, com a publicação de seus primeiros livros com Freud, caiu sobre a cabeça dos dois autorea a fúria da Ciência da época. As críticas eram medonhas.


Breuer foi para Viena com a família, trabalhar como clínico, neurologista, etc... Mas seu envolvimento emocional com Anna O ainda traria uma outra colaboração à Psicanalise. A descoberta do fenômeno de transferência, quando Breuer concluiu que permitira que Anna transferisse para ele a sua não-resolvida relação com o pai. Em contratransferência Breuer,levara para a relação afetiva com Anna, o desejo de oferecer proteção que tinha pela própria mãe, fantasia infantil, já que esta morrera ainda na sua primeira infância.

A verdadeira identidade de Anna O

Imagem do site Via Freud - Psicanálise

Quanto à “terapia da palavra”, Breuer percebeu, ainda durante a pesquisa da Histeria, e antes de Freud , que alguns episódios relatados pelas clientes não eram verdadeiros, mas fantasiosos. Freud levaria mais tempo para disto se convencer.

Anna O – é claro – é nome literário, para proteger a identidade da paciente. Vamos aqui perdê-la de vista por um tempo e reencontrá-la, bem mais veha, curada, e, numa postura ousada revelar : “Eu sou Anna O”. Bertha Pappenheim escreveu livros importantes, artigos, deu conferências, criou o "private theater" , para pequenas platéias, encenações baseadas na sua própria história, com o objetivo de estimular a discussão sobre a histeria.

Envolveu-se em reformas sociais, destacou-se no feminismo e na causa judaica, no incentivo às artes, construiu uma brilhante biografia (Veja o link: http://pt..wikipédia.org/wiki/Bertha_Pappenheim) , deixando seu nome a uma Fundação. Fundação Bertha Pappenheim? Não. Fundação Anna O.

Sugiro que vejam o vídeo

Cena do filme Freud the Secret Passion ( no Brasil, Freud Além da Paixão), de John Huston, ano de 1962. A versão disponível na internet é dublada em espanhol.

Freud the Secret Passion




Superação
Anna O viveu até próximo aos 80 anos. Seu rosto apareceu em selo germânico de uma série, Benfeitores da Humanidade, celebrado entre os heróis pátrios, mas seu nome praticamente desapareceria no Holocausto.
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Bertha Pappenheim - Anna O ( Viena, 1859 - Iselberg ,GE,1936)

Tinha já terminado o texto desta posrtagem quando decidi dar uma última olhadinha na internet . E olha só o que encontrei no site Vision Image and Perception - http://vision.c3.hu/en/artists/tnpu/index.html

Bertha Pappenheim, 1909 – photo, 200X303 mm
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2 comentários:

  1. ótimo!!!farei uma prova de psicologia hoje e só sabia que ana o foi paciente de freud! você me ajudou muito!obrigada.

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  2. Sou professor de matemática da rede publica de PE e estou fazendo mestrado em Psicanalise da Educação e saude e estou maravilado pelas plicações. obrigado.

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