O cinto de castidade masculino deve ter surgido dos sinistros aparelhos anti-masturbatórios e anti-polução noturna, que duraram até as primeiras décadas do século 20. E que também ajudaram religiosos a se manterem castos.
A auto-manipulação masculina sempre esteve envolta em mistérios e lendas crivados de horror. Acreditava-se que o menino que se masturbava na puberdade gastava assim toda a energia vital e por isso não se desenvolvia corporal ou mentalmente. Ainda hoje há teóricos que associam a prática da masturbação à incidência do câncer de próstata. Há 250 anos ( 1758), o médico suíço Samuel Auguste Tissot (1728-1797) escreveu um trabalho devastador sobre os efeitos maléficos da masturbação. Segundo ele, a prática podia levar à loucura - o que virou uma espécie de verdade científica até recentemente.
Outras punições menos severas podiam ser esperadas por quem cometesse esse tipo de 'pecado': espinha no rosto, espinha na palma da mão, palidez , fraqueza pulmonar, raquitismo, etc, até mais da metade do século 20.
A religião também fez aí o seu trabalho, atribuindo a masturbação masculina a práticas demoníacas, comprometendo o espírito.
Tal como a Rainha Vitória, que - reza a lenda - baixou decreto proibindo a pederastia em seu reino sem qualquer referência à homossexualidade feminina, e quando perguntada sobre as lésbicas, respondeu: “Lésbicas? Não existem no meu reino” ; assim também a masturbação era prática masculina. Mulheres não se auto-manipulavam hipoteticamente, e sobre os homens se firmou toda a repressão masturbatória.
A verdade é que, se compararmos as datas, enquanto às mulheres se prescrevia medicinalmente a “massagem vulvar”
(http://neilatavaresgeleiageral.blogspot.com/2010/08/vibrador-um-campeao-nos-jogos-eroticos.html ) como cura dos sintomas da histeria, aos homens a Medicina impunha severamente a inibição da masturbação. Pelo menos este direito - de se tocar, explorar e conhecer o próprio corpo, seus ritmos e áreas de maior prazer, etc – as mulheres do Ocidente conquistaram antes dos homens.
Os bizarros aparelhos anti-masturbatórios tinham também a função de coibir a polução noturna, evitando, desta forma, a ação dos súcubos – demônios femininos que copulavam com os homens enquanto estese dormiam e com freqüência deles engravidavam.
Máquina anti-polução
Este dispositivo anti-polução noturna data do início do século 20 e está exposto no Sexmachine Museum of Praga. O aparato, fabricado em 1915 , foi usado na França. Um aparelho elétrico dotado de anel que era atarraxado na base do pênis do garoto. O anel tinha um interruptor que se comunicava com a máquina através de um longo fio. A caixa de controle contendo o relé de acionamento e a campainha ficava no quarto dos pais, que eram acordados caso o filho tivesse uma ereção.
Aparato anti-masturbação - Sexmachine Museum of Praga. Apareceu à venda no Ebay, este raro dispositivo de cobredatado de 1880. O instrumento era fixado atavés de uma correia e servia para evitar tanto a auto-manipulação , quanto os escapes noturnos de sêmem.
Inglaterra - final do século 19
Jugum penis - Aparelho anti-masturbação (Reino Unido, 1871-1930)
Outra razão para inibir a auto-manipulação masculina ou as acidentais poluções noturnas era a divinização do esperma. Origem da vida, sacralizado, o esperma não podia ser desperdiçado em qualquer tipo de prática sexual que não tivesse o objetivo específico da procriação. Nem mesmo a cópula entre marido e mulher, unidos pelo também sagrado Matrimônio, deveria ocorrer que não fosse pela causa da procriação.
Mas tudo isso, que ora nos parece tão bizarro e absurdo, não está assim tão distante de nós, no tempo e na formação de nossas mentalidades.
Abaixo, Monty Pyton , em Every Sperm Is Sacred
Veja mais
http://www.sexmachinesmuseum.com/en_page.html
http://www.psychobilly.com.br/forums/index.php?showtopic=6770
http://www.blogpaedia.com.br/2009/06/dispositivos-anti-masturbacao-do-seculo.html
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