A estrela nasce
A estréia de Maria Bethania, no Rio de Janeiro, deu-se em 1965, no show Opinião, de Oduvaldo Vianna Filho e Armando Costa, no Teatro de Arena ( depois Teatro Opinião) , estreado em final de 1964. Bethania substituia Nara Leão. O espetáculo, um protesto contra a Ditadura Militar, atraiu multidões a Copacabana.
Maria Bethania, com duplo talento de cantora e atriz, se tornaria, já naquele momento, uma verdadeira mania nacional. Com destaque absoluto à sua interpretação de Carcará, de João do Vale e José Cândido.
Poucos documentos restaram do histórico espetáculo. Fotos esparsas, textos esparsos.
Mas este vídeo, postado no Youtube em 2007, preserva o exato instante em que a grande estrela da Música Popular Brasileira despontava.
Opinião. Maria Bethania - Carcará - Show Opinião, 1965
Postado por kingbarros12 de outubro de 2007
Carcará ( letra)
Carcará/Lá no sertão/É um bicho que avoa que nem avião/É um pássaro malvado/Tem o bico volteado que nem gavião/Carcará/Quando vê roça queimada/Sai voando, cantando/Carcará/Vai fazer sua caçada/Carcará come inté cobra queimada/Quando chega o tempo da invernada/O sertão não tem mais roça queimada/Carcará mesmo assim num passa fome/Os burrego que nasce na baixada/Carcará/Pega, mata e come/Carcará/Num vai morrer de fome/Carcará/Mais coragem do que home/Carcará/Pega, mata e come/Carcará é malvado, é valentão/É a águia de lá do meu sertão/Os burrego novinho num pode andá/Ele puxa o umbigo inté matá/Carcará/Pega, mata e come/Carcará/Num vai morrer de fome/Carcará/Mais coragem do que home/Carcará.
Nota para tradução em outros idiomas: A letra de Carcará foi escrita em português falado no sertão do Brasil e descreve a ação de um carcará. Este gavião é uma ave poderosa, de pequeno porte, altiva e forte, com excepcional visão, longo raio de ação e controle territorial. Tem o sertão como principal habitat. Alimenta-se de animais e insetos vivos e mortos e até em decomposição. Mata suas presas com bicadas na nuca. Possui poderoso sistema digestivo e o que não consegue digerir é regurgitado. No espetáculo Opinião, o carcará era uma metáfora da Ditadura Militar, que se instalara no Brasil em 1964.
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