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28 de abr. de 2009

PÈRE TANGUY


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O misterioso personagem de Van Gogh
Père Tanguy. Duas telas de Van Gogh exibem o mesmo personagem, em situação semelhante. Sentado diante de uma parede de telas.

Père Tanguy, por muito tempo, despertaria a curiosidade de público e crítica.


Quem era ele, afinal? Está vestido como um homem do povo. Sua imagem não lembra nem de perto a de um colecionador que pudesse ter encomendado a Vincent dois retratos. Afora isso, os colecionadores da época não se interessavam nem um pouco pelos retratos do pintor, um marginal, sem valor de mercado, cujas telas encalhavam, condenado à pobreza e à loucura ( teria surtado como surtou, se tivesse encontrado com sua produção um mínimo de aceitação social? Eis a pergunta ainda sem resposta).


E, no entanto, são telas, muitas, o cenário de Père Tanguy, e não as ruas e jardins desfocados, como se olhados por olhos míopes, mais comuns à imaginação do pintor.


Também não foi um artista da mesma geração de impressionistas, que merecesse tão grande admiração do extraordinário gênio da pintura. Nem um intelectual da mesma fase, um crítico, um político, uma celebridade. Não há registros de um Tanguy entre eles.


Passou-se quase um século para que se desvendasse o mistério. Dono de uma loja de tintas, comunista convicto, Tanguy, um grande intuitivo, sabia reconhecer talentos. E amava os artistas, sobretudo os pobres. Não fazia questão de receber pelas tintas e telas que lhes vendia, empenhava-se em divulgar, expor em sua loja e tentar vender, ele mesmo, seus trabalhos, jamais lhes negou uma palavra de incentivo, de respeito e de afeto, matava-lhes a fome, dividindo os lucros. Comerciante que não fazia questão de enriquecer, Père Tanguy acabou por se tornar responsável pela produção de um sem número de telas que hoje figuram entre as mais importantes já produzidas em todos os tempos. O mundo lhe deve isso. E a França lhe deve ainda mais.


Imortalizado nas telas de Van Gogh, Père Tanguy é hoje um símbolo. De responsabilidade social, de solidariedade, de respeito à criação, de compreensão da função da produção cultural. Um homem simples, afinado com seu tempo. Uma lembrança de que cada um de nós tem algo a fazer .











Espécie marinho = Água viva









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