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17 de abr. de 2009

O Don Quixote de Portinari e Drummond

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IMAGENS DE DON QUIXOTE




Décima e última semana de publicações da série IMAGENS DE DON QUIXOTE. Vou sentir saudades do engenhoso fidalgo. Foi uma boa companhia, que afinal, este trabalho de fazer um bloguer é sempre muito solitário.E... vocês me acharão muito prepotente se eu disser que tive grande orgulho dessas publicações? Várias vezes abro o blogger só para namorar o Don Quixote, e isto semana a semana.Tal como faço sempre: olhar e olhar um trabalho que esteja me dando muito prazer, cujos resultados me agradam.


E prometi fechar em Grand-Finale, fechar com chave de ouro. Então, será mesmo em grande estilo que nos despedimos hoje, aqui e agora, dele, O Homem de La Mancha – nome da parceria firmada em 1956 entre Carlos Drummond de Andrade e Cândido Portinari.


Há encontros que sempre imagino que não se dão por sorte ou acaso, mas que foram urdidos, tramados lá em cima, pelos astros, que se arrumam no céu de tal maneira, a favorecer o destino para que duas pessoas se encontrem. Não seria esse o caso de Carlos Drummond e Portinari juntos, no mesmo projeto? Pois esse projeto se chamou O Homem de La Mancha. E , para ele Drummond produziu 21 poemas e Portinari 26 pranchas de desenhos a lápis de cor.


A idéia era fazer uma edição de luxo, exemplares numerados, que , afinal, sabe-se lá porque, não saiu ( eu acho, porque não vejo o livro publicado na bibliografia de um nem de outro). Mas talvez esta história ainda esteja por se escrever. Não encontrei muitos indícios dela. Numa pesquisa de nível doméstico, digo. Fato é que Drummond acabou publicando alguns destes versos no seu Livro Branco. Os desenhos de Portinari estão sob a guarda da Fundação Raymundo de Castro Maya, no Rio de Janeiro.


As poesias de Drummond que publico aqui encontrei no site Poesia Nossa, dos meus prediletos. São fragmantos d'O Homem de La Mancha .


Alterno poemas e pranchas segundo minha escolha e sem conhecer a idéia original e como nela se combinavam poemas e desenhos.


Boa viagem.



O Homem de La Mancha - de Portinari e Drummond










I / SONETO DA LOUCURA



A minha casa pobre é rica de quimeras


e se vou sem destino a trovejar espantos,


meu nome há de romper as mais nevoentas erastal


qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.



Rola em minha cabeça o tropel de batalhas


jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.


Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,


o que nele recolho é o olor da glória eterna.



Donzelas a salvar, há milhares na Terra


e eu parto em meu rocim, corisco, espada, grito,


o torto endireitando, herói de seda e ferro,



e não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,


na férvida obsessão de que enfim a bendita


Idade de Ouro e Sol baixe lá das alturas.












IV / CONVITE À GLÓRIA



— Juntos na poeira das encruzilhadas conquistaremos a glória.


— E de que me serve?



— Nossos nomes ressoarão nos sinos


de bronze da História.


— E de que me serve?



— Jamais alguém, nas cinco partidas do mundo,


será tão grande.


— E de que me serve?



— As mais inacessíveis princesas se curvarãoà nossa passagem.


— E de que me serve?



— Pelo teu valor e pelo teu fervorterás uma ilha de ouro e esmeralda.


— Isto me serve.
















Veja continuação abaixo ou matéria inteira no marcador ARTE.

3 comentários:

  1. Pensando bem...
    É como se a atriz Neila Tavares estivesse dando seu testemunho em um comercial de TV (rexona, colgate...)só que com um custo bem menor!
    Adagoberto.

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  2. A obra saiu em edição limitada, sim, com o nome de "d. Quixote". Não saiu durante a vida de Portirari, mas postumamente, através de seu filho, Joâo Candido. Em 1972, e vem como de autoria de

    Cervantes
    Portinari
    Drummond.

    Um abraço!

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  3. A edição acabou saindo em 1970.
    O Portinari não quis se separar dos desenhos. O projeto só foi levado à frente após sua morte.
    É bom levar em consideração o simbolismo do Don Quixote e o fato de que Portinari estava impedido de pintar devido à intoxicação por chumbo.

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