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7 de fev. de 2009

O maior desejo de uma mulher






Uma história do Rei Artur









ra verão em Avalon, quando a Corte do Rei Artur reuniu-se em Tribunal para julgar um caso importante. Um homem cometera uma gravíssima ofensa a uma mulher.

O Rei Artur não podia deixar impune um crime omo esse. Precisava ser rigoroso. E estava furioso, seu desejo era puni-lo com a pena de morte. Mas tinha, ao mesmo tempo, carinho por aquele homem que vira nascer e crescer, brincando nas ruas de Avalon. E que tinha sido até então um homem direito, bom filho, bom súdito, mas, perdendo um dia a cabeça, cometeu o tal delito.

Ouvidas as partes, ouvidos os jurados, Artur deu então o veredicto. Disse ele ao réu:
Vou lhe dar o prazo de um ano. No início do próximo verão, voltaremos a nos reunir neste Tribunal. Você deverá me trazer a resposta a um enigma. Caso não a traga, receberá punição de morte, de acordo com a gravidade da ofensa cometida. Mas, se a trouxer, sairá daqui livre, tendo apenas que deixar Avalon para nunca voltar. Eis o enigma para o qual deverá encontrar resposta: “Qual o maior desejo de uma mulher?”. Lembre-se. Terá apenas um ano.

O homem iniciou imediatamente a investigação. Reuniu os sábios do reino e ofereceu-lhes parte de seus bens em troca da resposta, mas os sábios não puderam responder.

Ele então viajou, primeiro pelos reinos mais vizinhos, depois pelos mais distantes. De aldeia em aldeia, buscava a resposta, sem encontrá-la.

Os meses passavam-se depressa.

Estava já se conformando com o triste castigo da morte, o prazo se esgotando, quando lhe indicaram uma feiticeira: “Ela terá a resposta”.


E foi o homem, em busca da bruxa. Subiu um monte tenebroso onde viva a mulher, isolada de todos, num casebre feioso. Era horrenda. Os cabelos desgrenhados, os poucos dentes da boca empretecidos,o hálito funesto, os olhos saltados, as mãos encarquilhadas, o riso medonho.
E ela lhe respondeu:
Eu tenho a resposta que irá salvá-lo, mas terá que pagar por ela.

E disse o homem:
Restam-me agora poucos bens. A maior parte do que tinha gastei, em busca da resposta que não tive. Mas tudo o que me resta será seu, se puder me salvar a vida.

A bruxa riu, com desprezo:
De que serve a fortuna? De nada me servirão suas jóias e castelos. Não. Não é o que desejo, como pagamento.

E ele:
O quê, então? Diga-me, por favor. Salve-me a vida.

A horrenda bruxa revelou seu desejo:
Há, entre os Cavaleiros da Távola Redonda, um que é o mais belo, o mais gentil e o mais corajoso dos homens. É também o maior de seus amigos. Consiga que ele se case comigo e lhe dou a resposta.

O homem se foi, sem qualquer esperança. Não pediria a um amigo que fizesse por ele tamanho tal sacrifício. Estava perdido.

Porém, os boatos espalharam-se rapidamente em Avalon e o gentil Cavaleiro teve, por outros, notícias da exigência da bruxa. E decidiu:
Caso-me com ela. Faço o que for preciso para salvar a vida de um amigo.


O casamento foi marcado. E a bruxa entregou ao homem a resposta ao enigma do Rei:
"O maior desejo de uma mulher é ser dona de si mesma."

O Rei Artur ficou contente com a resposta e o homem se foi de Avalon, livre, deixando aqui também esta história.

Ficamos com o casamento. A festa durou três dias. Quando a noiva surgiu, em meio aos convidados, eles não puderam acreditar. Como era possível, um Cavaleiro tão nobre e tão desejado pelas tantas donzelas de Avalon, fazer assim tão mau casamento?

O quarto de núpcias, ricamente ornamentado, recebeu o casal, ao final dos festejos.
O noivo saiu do quarto, para que a noiva se despisse, como era costume em Avalon.
Retornou uma hora depois.

Encontrou então uma linda mulher, no lugar na bruxa. Voltando para ele doces olhos, a noiva lhe contou:
Sou vítima de um feitiço, maldição de um mago cruel, cujo amor rejeitei. Condenada a viver r como a bruxa doze horas por dia, e só podendo ser eu mesma as outras doze horas. Então, meu esposo, cabe a você decidir: ou serei a bruxa de dia, a teu lado, e para os outros, e a mulher que agora vê à noite, para você... Ou serei eu mesma de dia, para que me vejam os outros a seu lado, e a bruxa à noite, quando estaremos a sós, você e eu.

O Cavaleiro estava encantado. Sentia que já começava a amar a doce mulher, naquele mesmo instante. Era a mulher mais delicada e luminosa, entre todas que já havia visto ou encontrado.
Então, respondeu, sinceramente:
Você é que sabe, querida esposa. O que decidir estará bom para mim. Eu aceito. Seremos felizes qualquer que seja a sua escolha.

Ela sorriu, meiga:
Ah, meu amor. Você acaba de me libertar do feitiço, que por tanto tempo me faz tanto sofrer! Nunca mais serei a bruxa, nem de dia, nem de noite. Apenas eu mesma, o tempo todo. Estou livre agora. Livre.

Ele não entendeu.

E disse ela:
O mago que me condenou a viver assim, deixou-me uma única saída. O feitiço seria quebrado o dia em que amasse um homem capaz de realizar o maior de meus desejos: ser dona de mim mesma. É o que acaba de fazer. Lembra? O maior desejo de uma mulher é ser dona de si mesma.


E. a partir daquela noite, os dois viveram, para sempre, felizes.











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