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2 de nov. de 2008

O anti-herói na publicidade



O sucesso dos bôco-môcos

A figura do anti-herói, ou do anti-galã, do sujeito desajeitado ou feio, ou desengonçado, bobo ou azarado, como o baixinho da cerveja, o Carlos Moreno da Bombrill, foi muitas vezes usado, de forma eficiente, na propaganda, deixando um registro eterno do produto no inconsciente do público, na história da publicidade, e mesmo da vida brasileira.

Foi o caso do Bôco Môco, do guaraná Antártica, nos final dos anos 60, uma das primeiras campanhas a se utilizar deste recurso. Foi um sucesso. Bôco Môco transformou-se até em gíria, em expressão popular, para se referir àquele tipo de pessoa, da propaganda - equivalente à gíria de nossos pais e avós, da primeira metade do século, bocó.

Dizia-se então, naqueles tempos: “Este sujeito é um bocó”.

Com a propaganda do guaraná, a mesma gíria se transformou em Bôco Môco e tomou conta do Brasil.

E agora, quando a memória da propaganda começa a ser disponibilizada na internet, podemos rever algumas destas campanhas históricas.


O Bôco Môco




O necessário carisma

Além da genialidade da criação, este tipo de anúncio exige um trabalho maior das agências. De encontrar este artista perfeito para o papel. Ele deve parecer com as pessoas mais comuns, ao contrário dos modelos que se destacam dos outros mortais pela beleza, pela sensualidade, pelo charme e bem-vestir - o tipo idealizado - mas precisam ter um carisma que suporte a repetição no ar e “cole” com o espectador. E são encontrados, às vezes na rua, mas quase sempre em testes, escolhidos entre centenas, milhares de candidatos trazidos por agências ou produtores independentes ou chamados em notas de jornais.

Carlos Moreno impressionou no primeiro teste da Bombrill. Era ótimo, a cara do se queria, mas com um único problema. Muito alto. Tem quase dois metros de altura. E a equipe de criação pensava num sujeito bem baixinho, que tivesse que lutar contra a altura da mesa de produtos. Não foi aprovado, os testes continuaram, mas o cliente sempre voltava a pensar nele como o melhor.

O primeiro teste de Carlos Moreno na Bombrill, 1978




O recurso da criação

Foi então que veio a idéia. Falsear a altura da mesa. Fazê-la tão alta que fizesse o ator parecer pequenininho atrás dela. E assim se deu aquela que provavelmente é a mais bem-sucedida, a mais inesquecível campanha publicitária de nossos tempos.

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