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10 de nov. de 2008

Maysa, carnaval e samba


Maysa Matarazzo e o samba no Japão


Ali pela segunda metade dos anos 50 o Brasil dos grandes centros caiu numa espécie de tristeza que se arrastaria até o final da década de 60. Essa tristeza tinha aqui um nome: "fossa". Os anos dourados tinham acabado. E vinha da Europa a influência dos filósofos do pós-guerra, Sartre, Camus e outros existencialistas.

Era uma angústia existencial, uma consciência da solidão humana e da finitude das coisas todas, que, na nossa versão tupiniquim, de um povo adolescente em relação à velha Europa, ganhava um tom de romantismo. O amor era finito, se estávamos todos condenados à solidão. E chorávamos os amores perdidos.

Havia que se ter um quê dessa "fossa" para se ser glamuroso. Uma "fossa" que também se chamara antes "dor-de-cotovelo". E a música carregava este estado de espírito. Eram em geral do gênero samba-canção, também conhecidas como músicas de fossa, e tiveram como maior representante a cantora e compositora Maysa Matarazzo. Uma intérprete sensível e poderosa.

Ainda em 68, Stanislaw Ponte Preta escrevia: O brasileiro é vidrado por fossa. E quando ele ouve algo assim (música de fossa) ele procura, cavuca em si uma saudade velha, uma dor de corno já caduca, e se delicia com a sua fossa antiga.

Era mesmo assim. As festas, regadas a uísque, hi-fi, cuba libre, eram pesadas, sem muito barulho, cada um fechado no seu mundo de tristezas. Nos clubs, um piano, e uma voz solitária de um cantor, atravessando a noite e...cantando tritezas. Foi assim que a bossanova nos encontrou.

E Maysa foi cantar no Japão seus samba-canções. Quando leram a palavra samba no material de divulgação, os japoneses concluíram: carnaval, alegria. Estavam fascinados com o carnaval carioca. E era o que esperavam de Maysa.

Imagina o susto que levaram quando ela subiu no palco e tascou lá sua música de fossa. Passado o susto, ficaram loucos com a cantora, eles a adoraram, a veneraram mesmo. Mas até lá...

Este é um vídeo histórico. Registra o momento em que os japoneses tentavam entender que samba era aquele samba, cantado por Maysa.

Maysa Matarazzo canta Meu Mundo Caiu, composição própria e verdadeiro hino da fossa, em programa de TV no Japão.









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