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24 de set. de 2008

Somos feitos de música

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Outra doutrina que se assemelha à Música das Esferas, de Pitágoras ( postagem anterior) , surgiu no início do século 20, com o indiano Hazrat Inayat Khan ( 1882-1927). Filósofo e músico pouco divulgado no Brasil, mas muito conhecido mundialmente, Inayat Khan era sufi e viajou o Ocidente divulgando a sua música e o Sufismo. Cantor, instrumentista e compositor - tocava vina, o instrumento indiano que aqui aparece com ele na foto - suas músicas, clássicas, são executadas por orquestras e solistas em todo o mundo. Fundou a Ordem Sufi Internacional, cujos princípios, expostos em seu livro Música, baseiam-se na idéia de que é a harmonia o Princípio da Vida. E, se toda a Criação se fez da harmoniosa e ritmada relação entre os organismos, vivemos num universo essencialmente musical.

“Nós somos feitos de música” – diz ele.


Uma lenda bonita

É neste mesmo livro, Música, que Inayat Khan narra uma antiga lenda islâmica, da qual gosto muito:

Deus, para criar o homem, esculpiu um boneco de barro. Mas ao final, viu que havia feito apenas um boneco, não um homem. E era preciso animá-lo.
Então, Deus chamou a alma e mandou que fosse viver dentro do boneco de barro. A alma não obedeceu. Era tão livre, tão feliz, leve, tão sutil, por que haveria então de ir viver naquela matéria grosseira, como prisioneira? Podia brincar entre as flores, voar pelos céus, dançar entre os astros, correr com os animais... Não, não obedeceria.
Deus zangou-se com ela, ameaçou. Mas a alma, rebelde, não cedeu.
E Ele tentou agarrá-la à força, mas ela escapava sempre, por entre Seus dedos.
E Deus pensou e pensou, e, lembrando-se que a alma fora toda feita de música, com música havia de atraí-la. Chamou então um anjo instrumentista, e traçou com ele um ardil.
O anjo começou a tocar seu instrumento. A alma, atraída pelo som, aproximou-se.
E, sempre tocando, o anjo começou a caminhar em direção ao boneco de barro. A alma, em transe, ia atrás dele, hipnotizada pela música .
E, chegando bem perto, sempre tocando, o anjo pulou para dentro do boneco. A alma pulou atrás.
Então, o anjo rapidamente saiu e fechou a porta, trancando a alma lá dentro.
E desde então ela vive no homem, prisioneira, ansiando pelo dia em que será livre outra vez...

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