O guerreiro e o mártir
Guerreiro da Capadócia, militar do Império Romano no tempo do imperador Diocleciano, Jorge converteu-se ao cristianismo e lutou contra as perseguições do imperador aos cristãos. Foi por isso morto – torturado, depois decapitado no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia, na Palestina.
O culto a São Jorge vem do mesmo século 4 , quando os restos mortais do santo foram transportados para Lídia (antiga Dióspolis), onde foi sepultado, e onde o imperador cristão Constantino fez erguer um oratório . Seu culto espalhou-se imediatamente por todo o Oriente. Constantinopla, Egito, Armênia, Grécia, Império Bizantino, passando em seguida ao Ocidente. A Inglaterra foi o país ocidental onde a devoção ao santo teve papel mais relevante. Os ingleses acabaram por adotar São Jorge como padroeiro do país.
O Santo Guerreiro é também padroeiro de Portugal e da Catalunha.
São Jorge e a morte do dragão
A imagem do cavaleiro contra o dragão está relacionada a lenda criada a partir da Idade Média.
A lenda
Horrível dragão saído das profundezas de um lago, havia sitiado uma longínqua cidade do Oriente. Para não destruí-la pelo fogo, o monstro exigia regularmente que lhe entregassem jovens mulheres para serem devoradas. Um dia coube à filha do Rei, Sabra, lhe ser dada em oferenda. O pai, dilacerado, não teve opção. Surge então um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia, montado num cavalo branco, que após duro combate, venceu o dragão, libertando a princesa pela qual se apaixona, e com quem finalmente se casa.
Metaforicamente interpretados, o dragão seria o Mal, as forças demoníacas. A princesa, a província libertada. A libertação, o cristianismo, a espiritualidade. O amor, a marca do Cristo, e o casamento, a adesão à Fé cristã.
São Jorge no Brasil
Procissão de Corpus Christi, em gravuras de Debret, Brasil, Rio de Janeiro, sec. 19. Na imagem de cima, representação de S. Jorge. Embaixo, o Cavaleiro de Ferro que o escoltava, na tradição portuguesaO culto do santo chegou ao Brasil com os portugueses. Em 1387, Dom João I já decretara a obrigatoriedade de sua imagem nas procissões de Corpus Christi. Nos cultos afro-brasileiros, São Jorge é sincretizado ora a Ogum, ora a Oxóssi, Orixás yoruba, ambos santos guerreiros.
Altar de Oxóssi, Umbanda - Brasil ( Foto de Klaus D. Gunther)
Ogum, orixá ferreiro, é o senhor dos metais e dos caminhos, da caça, da agricultura e da guerra. Oxóssi é o senhor das matas e tudo que nela habita, senhor do Conhecimento, que traz o alimento ao corpo e ao espírito. Ogum. Escultura africana em madeira
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