Ele será sempre surpreendente
Foto de Raul Seixas, em verdadesparticulares.wordpress.com
De vez em quando volto a Raul, sempre com surpresa igual : Meu Deus, como dizia bem, o cara. Se vivo, Raul teria agora ... anos. Morreu em ...., com ...... Mas continuou cantando.
Como diz o editor na aba deste livro onde colho os textos que ai estão ( O Baú do Raul) , “...e, como Gardel na Argentina, canta cada vez melhor”. É verdade. Cada vez se vai descobrindo um Raul sempre melhor.
Por que apresentá-lo?
Raul Seixas no Brasil dispensa apresentação. Mas há os que vêm de fora, leitores que chegam de outros países, não imagino como, a este blog, e vale falar um pouquinho dele, mostrar o que possivelmente ainda não viram. É o maior mito do rock brasileiro , e deu ao iê-iê-iê um sabor nacional, misturando o rock a nossos rítimos, como o baião, e seguindo assim seu caminho por um rock brasileiro. “ Raul fustigou a sociedade com a vara curta de seu talento desmedido. Colheu o preço da polêmica, a opoxição dos contentes e a solidariedade dos inconformistas” ( mesmo texto).
Deixou um baú de textos escritos, um baú que o acompanhou por 35 anos. E o livro é uma coletânea destes textos.
Alguns textos do Baú
Metido a escrever
( porque se eu não escrevesse por certo morreria)
Eu, louco do absurdo
Cansado de cansaços
Desmorono-me em breves reticências
Meus dentes caem
Meus lábios dóem de tanto arder
Ardor de falar
Palavras inúteis
Poeta do cáos
Imbecil como uma criança
Imprudente como uma mulher
Estômago ácido-espelho-da língua?
1984
Yes, I need something
I always need something
If it’s love
Or if it’s a drink
Oh hell, I don’t know
I just need something
Eu preciso de alguma coisa
Eu sempre preciso de alguma coisa
Se é um amor
Se é um drink
O diabo, não sei
Só sei que preciso de alguma coisa
Tá faltando alguma coisa
Sempre tá faltando alguma coisa
Se é de mudança
Se é de esperança
O diabo, não sei
Só sei que tá faltando alguma coisa
Essa insatisfação que a gente sente
Ou a solidão permanente
Tem que estar faltando alguma coisa
1979
Angela! A tresloucada e sagrada estrela que ilumina os escolhidos!
Não admitem-se planetas que girem sem mostrar seus dons.
Tua paz, ó mulher dos homens e mulheres, me fascina. Odeio teu obscuro e magnânimo útero universal perante esse missionário Quixote de La Mancha que abate moinhos
Afasta-te do meu lado porém deglute-me em inteiros pedaços de amor!
Princesa das trevas, medusa dos cabelos, covil de todas as benditas cascavéis. Vingo-me do teu veneno no mais profundo poço de amor, no minuto em que o sagrado orgasmo te arrebata como uma punhalada quase mortal.
Amo à grande – deusa total!
Teu Homem.
1980
O Baú do Raul - Ed. Globo, 1992, organização de Tárik de Sousa – 5ª edição
Continuamos falando de Raul ? No próximo post?
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