Este texto bonitão recebi do amigo JH Alcântara de Meirelles. Diz JH:
...e me lembrei de uma passagem em Walter Benjamin, pungente, verdadeira, que transcevo abaixo:
Quem ama não se apega aos “defeitos” da amada, não apenas aos caprichos e às fraquezas de uma mulher: rugas no rosto e sardas, vestidos surrados e um andar desajeitado o prendem de maneira mais durável e mais inexorável do que qualquer beleza [...]. E por quê? Se é correta a teoria segundo a qual os sentimentos não estão localizados na cabeça – que sentimos uma janela, um museu, uma árvore, não no cérebro, mas antes naquele lugar onde as vemos –, então estamos também nós, ao contemplarmos a mulher amada, fora de nós mesmos [...]. Ofuscados pelo esplendor da mulher, o sentimento voa como um bando de pássaros. E, assim como os pássaros procuram abrigo nos esconderijos frondosos das árvores, também se recolhem os sentimentos, seguros em seu esconderijo, nas rugas, nos movimentos desajeitados e nas máculas singelas do corpo amado. Ninguém, ao passar, adivinharia que justamente ali, naquilo que é defeituoso, censurável, aninham-se os dardos velozes da adoração.
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