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13 de mai. de 2009

NASRUDIN

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Da série HISTÓRIAS DE NASRUDIN


Ao contrário da nossa cultura, em que uma piada perde a graça se ouvida uma segunda vez ( é piada velha) , na cultura oriental as piadas de Nasrudin são contadas e recontadas, dezenas, centenas de vezes, arrancando as mesmas gargalhadas do ouvinte. Como Já disse aqui, nesta série, elas são contadas no seio das famílias, na mesquita, nas praças, no rádio, no circo, no teatro, pelos contadores de histórias... e as crianças acostumam-se a ouvi-las desde muito cedo. Depois, as ouvirão pelo resto de suas vidas. A graça está no contador, no jeito, na graça de cada um no molho pessoal que se dá à narrativa.


Há, entretanto, alguns milhares de histórias.


Na Turquia, há um Festival Anual de Nasrudin, que ocorre a céu aberto e se prolonga por vários dias. Dele participam atores, artistas de rua, palhaços, contadores de histórias, artistas plásticos, mostrando as mais diversas visões de Nasrudin e suas histórias.


O festival turco vem atraindo, a cada ano, maior número de participantes estrangeiros. Mas o povo tem uma tal intimidade com as histórias, que muitas vezes é capaz de entendê-las mesmo quando narradas num idioma desconhecido.


Há também citações só compreendidas por aqueles que têm maior contato com o personagem.
Há, neste vídeo bons exemplos destas formas de compreensão: a que está acima da compreensão do idioma e a citação para os iniciados.


Leia primeiro as histórias e veja as imagens depois.



No mercado


Nasrudin queixava-se no mercado, a um amigo, da monotonia da vida;
- Todo dia eu saio de minha casa, a mesma casa, há 200 metros daqui, montado no meu burro, o mesmo burro, trabalho com as mesmas pessoas, volto pelo mesmo caminho por onde vim, encontro a mesma mulher... A vida é monótona. Tudo igual, um dia atrás do outro.
- Ora, por que não tenta variar um pouco? Hoje, por exemplo. Faça isso hoje mesmo. Em vez de voltar para casa pelo mesmo caminho de sempre, tente um outro. Vá pelo caminho contrário, vá pelo outro lado. Vai ver coisas novas, paisagens novas...


No final do dia de trabalho, Nasrudin seguiu o conselho do amigo. Tomou o caminho contrário. Ia pensando: “Não é que meu amigo tinha mesmo razão? Esse caminho é cheio de novidades. Pessoas de raças diferentes, de línguas diferentes, paisagens nunca vistas...
E lá ia ele seguindo, pelo seu longo caminho.


Sete anos depois chegou em casa. A mulher perguntou, indignada:

-Nasrudin, por onde andou esse tempo todo?


- Estou voltando do mercado. Mas quis variar um pouco, tomei o caminho contrário e tive que dar a volta ao mundo pra chegar aqui.




A lua


Nasrudin foi buscar água no poço. Era já noite, e, quando olhou para o poço, viu a lua refletida na água:


- Pobre lua - disse a si mesmo. Caiu aí dentro e não conseguiu mais sair.Ah, é preciso correr, antes que se afogue.


Pegou então uma corda na ponta da qual amarrou um gancho para que a lua nele se agarrasse e atirou ao poço:


_ Lua. Segure-se aí, neste gancho, firma. Vou tirá-la daí . Confie em mim. Agarre-se.
Mas o gancho prendeu-se a uma pedra, no fundo do poço. Nasrudin puxava, puxava, colocava mais e mais força, mas a corda não desprendia.


- Lua. Como você é pesada! Mas agüente firme. Vou conseguir te tirar.


Nasrudin fazia muita força, o rosto vermelho.
De repente, a corda desprendeu-se da pedra e Nasrudin caiu de costas no chão. Viu então a lua brilhando no céu:


- Ah, finalmente te salvei. Mas, puxa... Se não fosse eu, hein?!



Agora, sim, veja o vídeo.



Nasrudin e a lua








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