Os grandes encontros me fascinam e comovem. Profissionais ou sentimentais, sempre me levam a pensar o que ocorreu – que fatos, que manhas do destino, que acasos, que energias – levam duas pessoas que vem por caminhos diferentes, num certo momento da vida se encontrarem, passarem para um mesma estrada, e esta estrada ser transformadora, na História.
Falo isso pensando em tantas parcerias definitivas, mas, agora, mais precisamente pensando em Oscarito e Grande Otelo.
Grande Otelo nasceu em Minas Gerais, em 1915, e se criou como agregado de uma família,em honra da qual assumiu, por escolha, o nome, Prata. Sebastião Bernardes de Souza Prata. Veio para o Rio tentar a vida, e estreiou no Cassino da Urca em 1935. Mesmo ano em que estreou no cinema. Mas a primeira grande oportunidade veio com um filme chamado Moleque Tião, em que explorava seu tipo físico de neguinho pequeno e feinho, dengoso e macunaímico. Tinha 20 anos, aparentava bem menos.
Oscarito chamava-se Oscar Lorenzo Jacinto de La Imaculada Concepción Tereza Dias. Pai alemão, mãe português, ele mesmo espanhol. Família de circenses, com uma tradição de 400 anos no Circo.Veio para o Brasil com um ano de idade. Com cinco anos estava no picadeiro. Era malabarista, palhaço, trapezista e violinista. Em 32 estreava no teatro de revista imitando Getúlio Vargas.
Em 35 estreava no cinema, no filme Noites Cariocas, mesmo filme em que estreava Grande Otelo. Esse filme se perdeu e não sei se chegaram a contracenar. Mas um não deu muita bola para o outro.
Em 47 dá-se a primeira apresentação da dupla no filme Tristezas não pagam dívidas. A primeira chanchada brasileira. Otelo apareceu menos, mas a dupla deu certo.
Foi Watson Macedo, a partir de 1950 ( Aviso aos Navegantes), 51 ( Aí vem o Barão) que apostou tudo na dupla. E o resto da história, nós conhecemos (Ou não. Há muita coisa ainda obscura nessa fase do Cinema Nacional).
Juntos fizeram... 10, 13, 17 ou 34 filmes (as fontes não coincidem). Alguns deles desapareceram, a maioria num grande incêndio no depósito da Atlântida.
Grande Otelo trabalhou dirigido por Orson Wells, naquela produção fatídica e interminada, no Brasil. Oscarito foi convidade por Bob Hope para trabalhar em Hollywood. Não quis.
Oscarito, com o fim da chanchada, foi viver a aposentadoria em São Lourenço, Minas Gerais, onde morreu em 1970, com 64 anos. Não teve o esperado sucesso da Televisão. 2006 foi o ano do Centenário de Oscarito.
Grande Otelo adaptou-se melhor ao advento da televisão, e foi mais longevo como ator que Oscarito. O papel de Macunaíma no filme de Joaquim Pedro de Andrade, no Cinema Novo, anos 70, também contribuiu para que as portas do mercado de trabalho lhe permanecessem abertas.
Grande Otelo morreu em 1992, de enfarto, a caminho do Festival das três Américas, em Nantes, França, onde seria ( e foi) o homenageado.
Sobre esta fase do Cinema Nacional, há pouco material disponível na internet. Alguém adicionou a grande, a maior cena da dupla, o Romeu e Julieta, no YOUTUBE, logo arrastada para dezenas de endereços na internet, blogs e sites, mas logo em seguida foi retirada. Imaginoi que por questões de direitos autorais ou direitos intelectuais. Mais que justos. Só que, lamentavelmente, temos tão pouco para ver , não apenas da dupla, como de Ankito, José Lewgoy, Violeta Ferraz, Zezé Macedo, Dercy Gonçalves, Zé Trindade, Cyl Farney, Eliana, Adelaide Chiozzo, tantos artistas! E pensar nas gerações que não os conheceram...
Há, porém, na rede, esse vídeo com momentos da dupla, adicionado por Antônio Martins Rocha no Videolog.
Tributo a Oscarito e Grande Otelo -Traillers de Filmes
Tributo a Oscarito e Grande Otelo - Traillers de filmes
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Durante esta pesquisa encontrei algumas fontes importantes sobre o assunto e... leitura deliciosa, claro, que o assunto é bom demais.
Seus links:
- Biografia de GRANDE OTELO POR Sérgio Cabral – Um luxo!
http://www.blogger.com/
A Atlântida 1950 a 1960, por Felipe Salles
http://www.pcrc.utopia.com.br/tiki-index.php?page=A+ATL%C3%82NTIDA+DE+1950+E+1960&bl
Biografia de Oscarito, em Cinema Só Riso – Bem bonito.
http://www.lunaeamigos.com.br/cultura/oscarito.htm
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