Porque escrever sobre Isabel Ribeiro e seus significados

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Sobre o processo de produção do livro Isabel Ribeiro, Iluminada


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Por
Luis Sergio Lima e Silva,
autor convidado



Na juventude achava que quando ficasse coroa ia me retirar e viver como escritor. De onde vem essa máxima, eu não sei. Talvez tenha a ver com o fato de gostar de escrever desde garoto, dos tempos das redações do ginásio onde eu me espalhava, gostava de escrever sobre o que fosse. As minhas férias, a Amazônia, a Mãe, o Natal, Dia do Soldado, etc.


O mundo girou, e quando nem lembrava mais deste axioma, estava com 55 anos, conversando com a Rose Carvalho, amiga do tempo da agencia do Imperial, ela me tocou de escrever sobre a Isabel. Muito amiga do Rubens Ewald Filho, fez a ponte e o Rubens topou de cara para a sua animada Coleção Aplauso. O Hubert Alquéres da Imprensa Oficial também aprovou. Assim rolou a idéia. De um papo, dois dias depois estava com a encomenda de escrever a biografia.


Posso dizer que o desafio me moveu a partir daí, porque todas as dúvidas me invadiram, a começar pelo próprio flash-back que me senti forçado viver. Ela não gostava de foco sobre ela, muito menos de abrir sua vida íntima, dar opinião sobre isso ou aquilo, ser centro de absolutamente nada. Ao mesmo tempo a tremenda saudade que senti por sua ausência física , me fortaleceu achar que estava com a faca e o queijo na mão para trazê-la de volta. De alguma maneira. Ou da maneira mais palpável que se apresenta. Trazê-la para o seu lugar na Memória Cultural deste país, mostrar para os “jovens pra frente” o perfil de um ser humano e uma artista original e fascinante. Ao mesmo tempo resgatá-la para a memória-emotiva dos seus muitos amigos, colegas, admiradores, filhos, noras, irmã e neta. Pesei tudo isso, e resolvi encarar, sacando que deveria ter uma grande sutileza na condução da narrativa. Sem invadir, sem devassar, com a delicadeza correspondente aos seus desvãos, seus laços inexatos.

Saí do mundo e me internei por dois meses direto. Abri pastas, livros e anotações, fui descobrindo , apurando, cruzando informações, até que resolvi juntar 15 amigos mais chegados para dividir comigo a tarefa, não tentando desvendar um enigma, mas abrindo a concha e revelando a pérola mais rara. Joana Fomm, Telma Reston, Nildo Parente, Bigode, Stepan Nercessian, José Wilker, Boal, Kleber Santos, Zelito Viana, Hildegard Angel, Cacá Diegues, Jabor, Eduardo Coutinho, Zezé Motta e Leyla Ribeiro falaram do convívio com Isabel e suas impressões sobre a artista, sobre a mulher.

Como marinheiro de primeira viagem, me preocupei em não ser tão jornalista (no sentido de estar escrevendo uma reportagem), senti necessidade de ser parcial mesmo, assumindo adjetivos e louvores. Fiquei derramado, não tive escapatória. Durante a trajetória das entrevistas, fuçando recortes de críticas e reportagens, foi surgindo na minha frente a palavra Iluminada. ” Ela tinha uma luz,” falavam, “era iluminada”, repetiam, aí fui me lembrando daquela maneira de olhar, o sorriso dos olhinhos cintilantes, de suas atuações no teatro, no cinema e na TV que roubavam atenção por seu magnetismo, e cheguei ao nome do livro.

Isabel Ribeiro é uma unanimidade, se Nelson Rodrigues dizia que
ela é burra foi porque não teve o privilégio de viver um pouco mais
e testemunhar uma conduta de vida - profissional e pessoal –
de tamanha beleza e intensidade, que imantou a todos igualmente, e que pode ser constatada na sua caminhada, onde deixou um legado de honradez, talento e doçura.



Veja o livro e as fotos
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O Geléia Geral agradece ao jornalista a contribuição exclusiva

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