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8 de nov. de 2008

Os Palhaços Metafísicos


Karl Valentin e Liesl Karlstadt

Nem todo mundo conhece Karl Valentin ( 1808-1948), no Brasil. Mas agora seus filmes, pertencentes ao Instituto Goethe, vem sendo disponibilizados na internet e vão popularizando entre nós esse artista fantástico e sua grande partner, Liesl Karlstadt.

A maioria dos filmes é falada em alemão, o que não deixa de ser um problema para nós.
Mas há também as produções mudas, e aquelas que, por lhes conhecermos o enredo, nos divertem, ainda que não possamos entender o que nelas se diz.

Depois da Primeira Guerra, a Alemanha florescia como uma grande potência. Os Aliados haviam dado voz de prisão ao Reich, e agora, sob um regime social-democrata e a mais avançada constituição do mundo, celebrava-se ali as liberdades individuais como em poucos outros momentos históricos universais. O país atraía gente de todo o mundo, principalmente artistas e intelectuais.

Cidades como Berlim e Munique competiam com Paris, em esplendor e uma grande ebulição cultural ocorria nos kabarets alemães. Feitos em modo semelhante aos cabarés de Paris, os kabarets eram o ponto de reunião dos produtores culturais, local também de discussões políticas. E davam suporte ao aparecimento de novos talentos, como o teatrólogo Bertolt Brecht, o compositor Kurt Weill e o comediante Karl Valentin, chamado por Brecht de “o palhaço metafísico”.

Um de seus primeiros filmes, a comédia surrealista Os Mistérios de uma Barbearia (1922/23) reuniria Valentin, Liesl, Brecht e outros intelectuais. Na história do filme, por causa de um susto, o barbeiro decapita o cliente com a navalha. Entrega a cabeça à sua assistente, mas esta não percebe imediatamente o que ocorre, e, pensando que é uma peruca, sai para a sala de espera carregando a cabeça, causando pânico entre os clientes que aguardam a vez. É um filme de 30 minutos de duração, publicado no Youtube em partes.



Die Mysterien eines Frisiersalons - Parte 1




Valentin era também cantor e possuía uma extraordinária musicalidade. Seu mais famoso número era O Homem-Orquestra ou A Orquestra-Viva. Para o número, construiu uma engenhoca que permitia que ele sozinho tocasse uma orquestra inteira.

Outro número musical da maior irreverência, você pode conhecer neste vídeo que se segue. Os comediantes fazem do riso música. E – não se preocupe – ninguém fala alemão.



The Okey Laughing Record





A parceria de Valentin e Liesl durou de 1909 a 1935, quando a comediante deixou o palco, por motivo de doença. Valentin nunca se recuperou da perda.

A ascensão do nazismo impôs o fechamento dos kabarets, além de condenar à perseguição, à prisão, à morte ou ao exílio artistas e intelectuais que deles faziam parte. E pôs fim à carreira de Karl Valentin, que morreria pobre e desiludido, primeiro sobrevivendo de sua habilidade como marceneiro. Depois, tentando retornar aos palcos de subúrbio, sem, contudo, alcançar sucesso .

Valentin, conhecido como “o Chaplin alemão”. deixaria seu nome entre os maiores atores teatrais da História. Seu estilo sóbrio e distanciado serviria de inspiração a elencos de todo o mundo durante todo o século 20 e a Bertolt Brecht, de na criação de seu método de representação e o seu Teatro Épico.




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