O Amigo da Onça foi uma das maiores expressões do humor brasileiro . Foi criado por Péricles de Andrade Maranhão ( ou Péricles, só, como se assinava), para a revista O Cruzeiro, em 1943, e foi o maior sucesso da revista, um de seus maiores atrativos.
Os pesquisadores divergem. Uns afirmam que o personagem nasceu da expressão popular “amigo da onça”, para se referir àquele que se finge de amigo de alguém para traí-lo na primeira esquina, outros dizem que foi a expressão que veio do personagem. De qualquer forma, esta era a personalidade do Amigo da Onça. Foi publicado semanalmente, por dezessete anos ininterruptos, com a assinatura de Péricles.
Digo com a assinatura de Péricles porque O Amigo da Onça sobreviveu a seu criador – um fato pouco divulgado, hoje, pelos inúmeros autores que falam do personagem, e um dos fenômenos mais curiosos da história da caricatura brasileira. Péricles morreu em 1961 e até 1972 O Amigo foi publicado, desenhado agora por Carlos Estêvão, outro cartunista de grande prestígio n’O Cruzeiro. O Amigo aparecia então com a assinatura de Estêvão e a legenda: Criação de Péricles.
Mas o que torna o fato assim tão curioso é que Estêvão, que tinha um traço tão dessemelhante de Péricles, foi de uma fidelidade impressionante, a ponto de ser difícil dizer se um desenho era de um ou de outro.
Péricles, pernambucano do Recife, chegou ao Rio de Janeiro em 42. Seu sucesso foi, portanto, imediato. Era, porém, uma alma atormentada. E diz-se que, principalmente, porque O Amigo da Onça tornou-se mais importante que ele mesmo. Perdeu a própria identidade. Era apenas o criador do Amigo da Onça. Em 61, suicidou-se, trancando-se num quarto e abrindo o gás. Na porta, providenciou um cartaz: “Não acendam fósforos”.
Continua, na publicação abaixo
Sem comentário para esta magia......
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