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14 de out. de 2008

Manuel Bandeira era louco por Drummond.

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Era um amor, uma admiração!...Bandeira achava Drummond o maior de todos os poetas. ”E quem não estiver de acordo, favor não falar comigo”.

Bandeira foi um dos mais caricaturados de sua geração. Magro, comprido, de óculos e grandes dentões, prestava-se muito à caricatura. E se divertia com elas.

Nássara, caricaturista contemporâneo dos dois poetas, Drummond e Manuel, o desenhou de costas para a Nossa Senhora da Lapa , que deu nome ao bairro da Lapa, no Rio – de costas para a santa - e acendendo uma vela diante de um retrato de Drummond, na maior devoção.


E escreveu Manuel:

O sentimento do mundo
É amargo, ó meu poeta irmão!
Se eu me chamasse Raimundo!...
Não, não era solução.
Para dizer a verdade,
O nome que eu invejo a fundo
É Carlos Drummond de Andrade.

Não sei se foi ali, ou se foi bem mais tarde. Pode ter sido até antes. Não tenho as datas. Mas, digamos, um dia , antes ou depois de Bandeira, Drummond foi ainda mais longe nessa paixão. E Bandeira despertava mesmo uma inevitável paixão em quem quer que o visse, mesmo que em foto ( que ele adorava) ou entrevista na TV ( que ele gostava ainda mais) .



Escreveu Drummond a Bandeira:


Manuel!

O grito perde-se no sistema de
cilindros interligados, cada vez mais embutidos de
sombra.
No último e imaginável cilindro,
quem sabe? Talvez alguém responda ao
chamado.
Até lá, se não acontecer, há de
restar ao menos o chamado incandescente:

Manuel!


Coisa de gente grande, não é?

Leio estes textos, vejo as figuras, no catálogo bonito de uma exposição de 1997 – Manuel Bandeira, 111 Anos de Poesia, organizada por Jorge de Salles.Valeu, Salles. Isto é um catálogo. Já se passaram 11 anos e estou eu aqui, ainda curtindo.

E aproveito para deixar aqui o meu abraço a Helena ( Bandeira) e outros sobrinhos, herdeiros da obra de Manuel Bandeira, pelo carinho, a confiança que tiveram em nós quando inauguramos, Adagoberto Arruda e eu , o Armazém do Manuel, na Rua Morais e Vale, na Lapa, mesma rua onde viveu Manuel Bandeira, em frente ao Beco dos Carmelitas. Era pra ser um centro cultural, que fosse a memória de Bandeira na Lapa e uma homenagem ao poeta da Lapa. Mas não deu. Quem sabe um dia, alguém venha a fazê-lo.

O meu abraço grato e carinhoso a estes herdeiros, que do tio também herdaram a doçura e o carisma.

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