De Vitória Lúcia Pamplona
Nessa primavera
Desejo mais do que seja
A flor d’uma espera
Portas do verão
E dentro do peito o centro:
Não mais solidão
Chegado é o outono
Sozinha, fogo e cozinha
Fim d’um longo sono
Do inverno, o começo
Encontro-me calma, em concha.
Nela permaneço
O ano é criança.
No peito forma-se o leito
De nova aliança
Esse carnaval
A beira do cais, a feira...
Ah! terra natal
São dias de águas
Lamento, porém não tento
Esconder as mágoas
Frágil flor caída
Recolho a mão e o olho
Toca leve a vida
A maré vazante bordou
a areia da praia deserta
Com pedaços de corais e conchas
A maré enchente
lavou teu rastro. Ficou
tua alma, presente
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